Energia
Redação do Site Inovação Tecnológica – 01/04/2021
Nuvem de anti-hidrognio sendo resfriadas por um laser.
[Imagem: Chukman So]
Comparao da matria com a antimatria
O experimento ALPHA, que funciona junto ao LHC (Grande Colisor de Hdrons]) conseguiu pela primeira vez resfriar tomos de anti-hidrognio – a forma mais simples de antimatria – usando luz laser.
A tcnica, conhecida como resfriamento a laser, foi demonstrada pela primeira vez h 40 anos em matria normal e hoje a base de muitos campos de pesquisa.
Sua primeira aplicao antimatria abre as portas para medies consideravelmente mais precisas da estrutura interna do anti-hidrognio e de como ele se comporta sob a influncia da gravidade – no sabemos se a antimatria cai para cima ou para baixo.
E comparar essas medies com as do tomo de hidrognio comum pode revelar diferenas entre os tomos de matria e de antimatria. Essas diferenas, se realmente existirem, podem esclarecer por que o Universo composto apenas de matria, um desequilbrio conhecido como assimetria matria-antimatria, uma vez que ambas deveriam ter sido criadas em quantidades iguais no Big Bang.
“A capacidade de resfriar tomos de anti-hidrognio a laser uma virada de jogo para as medies espectroscpicas e gravitacionais e pode levar a novas perspectivas na pesquisa de antimatria, como a criao de molculas de antimatria e o desenvolvimento de interferometria dos antitomos,” disse o fsico Jeffrey Hangst. “Estamos nas nuvens. Cerca de uma dcada atrs, o resfriamento de antimatria a laser estava no reino da fico cientfica.”
Resfriamento a laser da antimatria

A equipe ALPHA produz tomos de anti-hidrognio pegando antiprtons de um Desacelerador de Antiprtons e ligando-os com antieltrons (ou psitrons) criados por uma fonte de sdio-22.
Em seguida, os tomos de anti-hidrognio resultantes (cerca de 1.000 deles) so aprisionados em uma armadilha magntica, que os impede de entrar em contato com a matria e se aniquilar.
A seguir, a equipe normalmente realiza estudos espectroscpicos, ou seja, mede a resposta dos antitomos radiao eletromagntica – luz laser ou micro-ondas. Esses estudos j permitiram, por exemplo, medir a transio eletrnica 1S-2S no anti-hidrognio com preciso sem precedentes.
No entanto, a preciso dessas medies espectroscpicas e de outras medies, como o comportamento do anti-hidrognio no campo gravitacional da Terra, limitada pela energia cintica ou pela temperatura, dos antitomos.
a que entra o resfriamento a laser.
Nessa tcnica, os ftons do laser so absorvidos pelos tomos, fazendo com que eles atinjam um estado de energia mais alto. Os antitomos ento emitem ftons e decaem espontaneamente de volta ao seu estado inicial. Como essa interao depende da velocidade dos tomos, e como os ftons lhes conferem momento, repetir muitas vezes esse ciclo de absoro-emisso leva ao resfriamento dos tomos.
Esta confuso de equipamentos o Experimento Alpha, onde a antimatria produzida e estudada.
[Imagem: Maximilien Brice/Julien Ordan/CERN]
Antimatria no zero absoluto
No resfriamento a laser da matria j possvel levar os tomos at prximo do zero absoluto. Neste primeiro resfriamento da antimatria, os antitomos no ficaram to frios, mas a reduo do movimento da nuvem de antimatria por um fator de 10 mostra que este o caminho. Futuras otimizaes devero incluir o aumento da densidade da nuvem de antitomos, para que a interao com o laser seja otimizada.
“Historicamente, os pesquisadores tm sofrido para resfriar o hidrognio normal a laser, ento isso tem sido visto como um sonho maluco para ns por muitos anos,” disse Makoto Fujiwara, o primeiro proponente da ideia de usar um laser pulsado para resfriar o anti-hidrognio. “Agora, podemos sonhar com coisas ainda mais loucas com a antimatria.”
E, como tomos mais frios ocupam menos espao, a tcnica de resfriamento pode ajudar a melhorar as tcnicas de aprisionar a antimatria e mant-la sob controle.
Artigo: Laser cooling of antihydrogen atoms
Autores: C. J. Baker, W. Bertsche, A. Capra, C. Carruth, C. L. Cesar, M. Charlton, A. Christensen, R. Collister, A. Cridland Mathad, S. Eriksson, A. Evans, N. Evetts, J. Fajans, T. Friesen, M. C. Fujiwara, D. R. Gill, P. Grandemange, P. Granum, J. S. Hangst, W. N. Hardy, M. E. Hayden, D. Hodgkinson, E. Hunter, C. A. Isaac, M. A. Johnson, J. M. Jones, S. A. Jones, S. Jonsell, A. Khramov, P. Knapp, L. Kurchaninov, N. Madsen, D. Maxwell, J. T. K. McKenna, S. Menary, J. M. Michan, T. Momose, P. S. Mullan, J. J. Munich, K. Olchanski, A. Olin, J. Peszka, A. Powell, P. Pusa, C. . Rasmussen, F. Robicheaux, R. L. Sacramento, M. Sameed, E. Sarid, D. M. Silveira, D. M. Starko, C. So, G. Stutter, T. D. Tharp, A. Thibeault, R. I. Thompson, D. P. van der Werf, J. S. Wurtele
Revista: Nature
Vol.: 592, pages 35-42
DOI: 10.1038/s41586-021-03289-6
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