Bioplsticos no cumprem promessa de sustentabilidade

Meio ambiente

Redação do Site Inovação Tecnológica – 01/03/2021

Dilema da sustentabilidade

Plsticos feitos de safras como milho ou cana-de-acar – em vez de derivados dos combustveis fsseis – so geralmente considerados sustentveis. Um dos motivos que as plantas retm CO2, que compensaria o carbono liberado na atmosfera quando os plsticos so descartados.

No entanto, h um problema: Com o aumento da demanda por matrias-primas vegetais para a produo de bioplsticos, as reas de cultivo podem no ser suficientes. Como resultado, a vegetao natural frequentemente convertida em terras agrcolas, o que inclui a derrubada de florestas. Isso, por sua vez, libera grandes quantidades de CO2.

A suposio de que mais bioplsticos no leva necessariamente a mais proteo climtica foi agora confirmada por pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Neus Escobar e Wolfgang Britz descobriram que a sustentabilidade dos bioplsticos base de plantas depende muito do pas de origem da plantao, de suas relaes comerciais e da matria-prima cultivada.

Para chegar a essa concluso, a dupla desagregou a produo dos plsticos e bioplsticos no Brasil, China, EUA, Unio Europeia e Tailndia, outro pas com florestas ricas em carbono. E eles levaram em conta culturas mais recentemente usadas para a fabricao de plsticos, como milho e mandioca.

Custos ambientais dos bioplsticos

Os pesquisadores simularam um total de 180 cenrios (36 cenrios por regio) que variaram de acordo com o grau de penetrao do mercado de bioplsticos e outros parmetros determinando as respostas em toda a economia.

“Descobrimos que as pegadas de carbono dos bioplsticos disponveis comercialmente so muito maiores do que os valores previamente estimados na literatura cientfica e relatrios de polticas,” disse Escobar.

O motivo disso que as emisses de CO2 resultantes de mudanas no uso da terra superam a economia na emisso de gases de efeito estufa resultante da substituio das matrias-primas fsseis no longo prazo. A nica exceo foram os bioplsticos produzidos na Tailndia, que economizam em mdia dois quilogramas de CO2 por tonelada, mas neste caso devido principalmente ao aumento relativamente pequeno na produo de bioplsticos naquele pas.

Transbordamento

Os clculos gerais mostram que nenhuma das regies analisadas est claramente melhor posicionada do que outra para se tornar um centro de produo sustentvel de bioplsticos.

As maiores pegadas so estimadas para os bioplsticos chineses, enquanto a Unio Europeia tem a maior pegada de carbono mdia: Os bioplsticos produzidos na UE levam uma mdia de 232,5 anos para compensar as emisses globais de CO2. A produo de bioplsticos nos EUA causa os maiores efeitos de transbordamento de terra e carbono, o que significa que a produo gera maior expanso de terras agrcolas, desmatamento e emisses de carbono no resto do mundo do que dentro do prprio pas.

A produo de bioplsticos na Tailndia e no Brasil custa em grande medida a perda da cobertura florestal, o que pode levar a impactos adicionais sobre a biodiversidade.

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