Meio ambiente
Redação do Site Inovação Tecnológica – 24/09/2024
Com tantos efeitos conflitantes, era necessrio usar uma grande base de dados em nvel global para verificar o efeito lquido.
[Imagem: Xinxin Sui et al. – 10.1073/pnas.2311496121]
Chove mais nas cidades do que no campo
comum ouvir alegaes de que as enchentes nas grandes cidades devem-se principalmente cobertura do solo, onde a terra nua ou cultivada, que poderia absorver a gua da chuva, est substituda por asfalto, concreto e todas as demais construes.
Isso certamente parte da verdade, mas no toda a verdade.
Acontece que, para surpresa geral, cientistas acabam de constatar que vrias cidades ao redor do mundo esto passando a receber mais chuva do que as reas vizinhas no urbanizadas.
“Do mesmo modo que h uma ilha de calor urbana, h um efeito de incidncia de chuvas urbana,” disse o professor Dev Niyogi, da Universidade do Texas em Austin, nos EUA.
Os pesquisadores analisaram dados de satlite sobre pluviosidade entre 2001 e 2020 em 1056 cidades e reas rurais prximas em diferentes regies climticas. Eles constataram que mais de 60% das cidades so “ilhas midas”, que recebem mais chuva do que as reas em seu entorno, enquanto algumas outras cidades, em menor nmero e em menor intensidade, se tornaram “ilhas secas”, com o padro oposto.
Por exemplo, a cidade de Ho Chi Minh, ou Saigon, no Vietn, e Sydney, na Austrlia, esto entre as anomalias mais midas, cada uma com mais de 100 milmetros a mais de precipitao por ano do que seus arredores. Seattle, nos EUA, e Rio de Janeiro esto entre as 10 que esto ficando mais secas do que seus arredores.
Apesar de haver dois efeitos contrrios, o efeito global mdio largamente favorvel ao aumento de precipitao de chuvas nas cidades, em comparao com seus entornos rurais.
Os grficos em azul mostram um valor positivo para o indicador UPA, sigla em ingls para “anomalia de precipitao urbana”.
[Imagem: Xinxin Sui et al. – 10.1073/pnas.2311496121]
Efeito lquido: Mais chuvas
As cidades podem aumentar ou suprimir as chuvas de vrias maneiras, vrias delas conflitantes.
Por exemplo, o calor absorvido pelo asfalto e pelos edifcios pode causar correntes ascendentes que ajudam a formar nuvens de chuva. J a “aspereza” dos edifcios, em comparao com a “lisura” dos ambientes vegetais naturais, pode desacelerar os sistemas climticos, fazendo com que as chuvas nas reas urbanas durem mais tempo.
Por outro lado, a poluio do ar tem dois efeitos, podendo semear as nuvens, fazendo chover mais, ou resfriar o ar, suprimindo as chuvas. Superfcies pavimentadas com pouca vegetao reduzem a evaporao, levando a menos umidade no ar e, portanto, menos chuva.
Assim, com tantos efeitos conflitantes, era necessrio usar uma grande base de dados em nvel global para verificar o efeito lquido.
Os dados mostraram que as influncias desses fatores varia com base no tamanho e na localizao das cidades: Cidades maiores e mais populosas tm mais probabilidade de serem ilhas midas, por exemplo. Cidades em regies temperadas, tropicais e costeiras tendem a ter as maiores anomalias, enquanto aquelas em reas montanhosas geralmente sofrem menor influncia desses fatores sobre as chuvas que recebem.
Os pesquisadores tambm descobriram que a diferena mdia entre ilhas midas e seus arredores quase dobrou durante o perodo estudado, de uma mdia de 37 para 62 milmetros a mais de chuva por ano nas cidades, enquanto as anomalias secas no mudaram.
Esta informao essencial e estava faltando em nossa compreenso do clima, uma vez que os modelos climticos e meteorolgicos atuais no levam em conta explicitamente a influncia das cidades sobre as chuvas.
Artigo: Global scale assessment of urban precipitation anomalies
Autores: Xinxin Sui, Zong-Liang Yang, Marshall Shepherd, Dev Niyogi
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.2311496121
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