Espao
Redação do Site Inovação Tecnológica – 08/04/2024
Cada glria nica, dependendo da composio da atmosfera do planeta e das cores da luz da estrela que o ilumina. O “sol” do WASP-76b uma estrela amarela e branca da sequncia principal, como o nosso Sol, mas estrelas diferentes criam glrias com cores e padres diferentes.
[Imagem: ESA]
Glria de um exoplaneta
O telescpio espacial Cheops est fornecendo novas informaes sobre o misterioso exoplaneta WASP-76b, um planeta to quente que l chove ferro derretido.
Novas observaes mostraram que este gigante ultraquente caracterizado por uma assimetria entre a quantidade de luz observada no seu terminador oriental – a linha imaginria que separa o seu lado noturno do seu lado diurno – e a observada no seu terminador ocidental.
Os astrnomos acreditam que esta peculiaridade se deve a uma “glria”, um fenmeno luminoso semelhante a um arco-ris, que ocorre quando a luz da estrela em torno do qual o exoplaneta orbita refletida por nuvens constitudas por uma substncia perfeitamente uniforme. Se esta hiptese for confirmada, esta seria a primeira deteco deste fenmeno fora do nosso Sistema Solar.
A glria um fenmeno ptico que cria um halo quando os raios de luz atravessam o ar e adentram as partculas da atmosfera – gotculas de gua no caso da Terra -, sendo parte dessa luz refletida por meio da ressonncia ptica.
“A razo pela qual uma glria nunca foi observada fora do nosso Sistema Solar que este fenmeno requer condies muito especficas. Em primeiro lugar, as partculas atmosfricas devem ser quase perfeitamente esfricas, completamente uniformes e suficientemente estveis para serem observadas durante um longo perodo de tempo. Essas gotculas tm de ser diretamente iluminadas pela estrela hospedeira do planeta, e o observador – neste caso o CHEOPS – deve estar na posio correta,” explicou o professor Olivier Demangeon, da Universidade de Genebra, na Sua.
[Imagem: C. Wilson/P. Laven]
Planeta onde chove ferro
O WASP-76b um planeta gigante que orbita sua estrela hospedeira doze vezes mais perto do que Mercrio orbita o nosso Sol, recebendo mais de 4.000 vezes a radiao do Sol que atinge a Terra.
Um lado do planeta est sempre voltado para a sua estrela, o que o faz atingir temperaturas de 2.400 graus Celsius. Os elementos que formariam rochas na Terra derretem e evaporam, antes de se condensarem no lado noturno ligeiramente mais frio, criando nuvens de ferro que pingam chuva de ferro derretido.
Uma das observaes mais intrigantes est na assimetria vista entre os dois terminadores do planeta, com um aumento na quantidade de luz do terminador a leste do planeta em comparao com aquele a oeste. Combinando os novos dados com os de outros telescpios (TESS, Hubble e Spitzer), os astrnomos esto agora levantando a hiptese de uma glria para explicar esse excesso de fluxo luminoso no lado oriental do planeta.
As glrias so comuns na Terra e tambm j foram observados em Vnus. O efeito, semelhante ao arco-ris, ocorre quando a luz refletida por nuvens formadas por gotculas perfeitamente uniformes. No caso da Terra, as gotculas so feitas de gua, mas a natureza dessas gotculas no WASP-76b permanece misteriosa – pode ser ferro em estado lquido, j que o elemento j foi detectado na atmosfera extremamente quente do planeta.
Sero necessrios mais dados para confirmar com certeza que esse excesso de luz no terminador oriental do WASP-76b uma glria. Essa confirmao atestaria a presena de nuvens formadas por gotculas perfeitamente esfricas, persistentes – o exoplaneta vem sendo observado h pelo menos trs anos – ou que se renovam constantemente. Para que as nuvens persistam, a temperatura da atmosfera tambm teria que ser estvel ao longo do tempo.
Artigo: Asymmetry in the upper atmosphere of the ultra-hot Jupiter WASP-76 b
Autores: O. D. S. Demangeon, P. E. Cubillos, V. Singh, T. G. Wilson, L. Carone, A. Bekkelien, A. Deline, D. Ehrenreich, P. F. L. Maxted, B.-O. Demory, T. Zingales, M. Lendl, A. Bonfanti, S. G. Sousa, A. Brandeker, Y. Alibert, R. Alonso, J. Asquier, T. Brczy, D. Barrado Navascues, S. C. C. Barros, W. Baumjohann, M. Beck, T. Beck, W. Benz, N. Billot, F. Biondi, L. Borsato, Ch. Broeg, M. Buder, A. Collier Cameron, Sz. Csizmadia, M. B. Davies, M. Deleuil, L. Delrez, A. Erikson, A. Fortier, L. Fossati, M. Fridlund, D. Gandolfi, M. Gillon, M. Gdel, M. N. Gnther, A. Heitzmann, Ch. Helling, S. Hoyer, K. G. Isaak, L. L. Kiss, K. W. F. Lam, J. Laskar, A. Lecavelier des Etangs, D. Magrin, M. Mecina, Ch. Mordasini, V. Nascimbeni, G. Olofsson, R. Ottensamer, I. Pagano, E. Pall, G. Peter, G. Piotto, D. Pollacco, D. Queloz, R. Ragazzoni, N. Rando, H. Rauer, I. Ribas, M. Rieder, S. Salmon, N. C. Santos, G. Scandariato, D. Sgransan, A. E. Simon, A. M. S. Smith, M. Stalport, Gy. M. Szab, N. Thomas, S. Udry, V. Van Grootel, J. Venturini, E. Villaver, N. A. Walton
Revista: Astronomy and Astrophysics
DOI: 10.1051/0004-6361/202348270
Outras notcias sobre:
Mais tópicos











ENVIE UM COMENTÁRIO