Meio ambiente
Redação do Site Inovação Tecnológica – 30/12/2020
As cores representam os perodos geolgicos desde o Toniano, comeando 1 bilho de anos atrs, em amarelo, at o atual perodo Quaternrio, em verde. A transio da cor vermelha para a azul marca a extino em massa do final do Permiano, um dos eventos mais perturbadores no registro fssil.
[Imagem: Cuthill/Guttenberg]
Radiaes e extines
Os cientistas h muito acreditam que as extines em massa de formas de vida na Terra criam perodos muito produtivos de evoluo das espcies, ou “radiaes”, um modelo conhecido como “destruio criativa”.
No entanto, uma nova anlise com uma amplitude nunca feita antes mostrou resultados bem diferentes.
Cientistas do Instituto de Tecnologia de Tquio usaram o aprendizado de mquina para examinar a co-ocorrncia de espcies fsseis e descobriram que radiaes e extines raramente estiveram conectadas na histria da vida na Terra.
Em outras palavras, as extines em massa geralmente no causam radiaes em massa, o que um grande problema para o neo-darwinismo.
O problema do surgimento das espcies
A destruio criativa central para os conceitos clssicos de evoluo. Parece claro pelo registro fssil que h perodos em que muitas espcies desaparecem repentinamente, e muitas espcies novas aparecem de repente.
O “de repente” sempre foi uma pedra no sapato dos tericos, uma vez que o mecanismo de surgimento de novas espcies est longe de ser claro – sem teorias razoveis para esse mecanismo at agora, os bilogos tipicamente deixam o problema em compasso de espera afirmando que novas espcies surgem “ao longo de milhes de anos”, e no “de repente”.
De fato, radiaes (emergncias de vida) de uma escala comparvel s extines em massa – que os autores deste novo estudo chamam de radiaes em massa – tm sido muito menos estudadas do que os eventos de extino, que esto claros no registro paleontolgico.
Para tentar cobrir a lacuna, Jennifer Cuthill e seus colegas compararam os impactos da extino e da radiao ao longo do perodo para o qual fsseis esto disponveis, o chamado Eon Fanerozico. O Fanerozico (do grego “vida aparente”) representa o perodo mais recente de 550 milhes de anos da histria total da Terra e significativo para os paleontlogos porque, antes deste perodo, a maioria dos organismos que existiam eram micrbios, que no formavam fsseis facilmente, o que torna o registro evolutivo anterior difcil de observar.

Fazendo a teoria evoluir
A equipe usou um programa de aprendizado de mquina para examinar a co-ocorrncia temporal de espcies no registro fssil fanerozico, examinando mais de um milho de entradas em um enorme banco de dados pblico que inclui quase duzentas mil espcies.
Os resultados sugerem que a destruio criativa no uma boa descrio de como as espcies se originaram ou foram extintas durante o Fanerozico.
O mtodo objetivo de inteligncia artificial identificou nos dados os “cinco grandes” eventos de extino em massa j descritos pelos paleontlogos, mas demonstrou que eles esto entre os 5% principais eventos de perturbaes significativas em que a extino ultrapassou a radiao ou vice-versa.
Na verdade, muitos dos momentos mais notveis da radiao evolutiva ocorreram quando a vida entrou em novas arenas evolucionrias e ecolgicas, como durante a exploso cambriana da diversidade animal e da expanso carbonfera dos biomas florestais.
O programa tambm identificou sete extines em massa adicionais nunca descritas, dois eventos combinados de extino em massa e radiao, e quinze radiaes em massa – em outras palavras, a emergncia de vida em massa superou as extines em massa por um placar de 15 a 12.
Surpreendentemente, em contraste com as narrativas anteriores, que enfatizam a importncia das radiaes ps-extino, o estudo demonstrou que as radiaes em massa e as extines mais comparveis raramente estiveram acopladas no tempo, o que refuta a ideia de uma relao causal entre elas.
Estes so resultados marcantes para a teoria da evoluo, trazendo desafios para bilogos e paleontlogos, que agora tero que se deparar com a poca em que suas teorias precisam dar um salto evolutivo.
Artigo: Impacts of speciation and extinction measured by an evolutionary decay clock
Autores: Jennifer F. Hoyal Cuthill, Nicholas Guttenberg, Graham E. Budd
Revista: Nature
DOI: 10.1038/s41586-020-3003-4
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