Meteoritos assados do informaes sobre atmosferas de planetas

Espao

Redação do Site Inovação Tecnológica – 19/04/2021

Terra cozida

Assar meteoritos pode no parecer uma receita muito comum, mas esta foi a forma encontrada por pesquisadores para tentar descobrir o que h nas atmosferas de planetas distantes, circundando outras estrelas.

As amostras dos meteoritos primitivos foram assados em um forno de alta temperatura e a equipe ento analisou os gases que eles liberavam.

Isto porque se acredita que as primeiras atmosferas dos planetas rochosos se formem principalmente a partir de gases liberados da superfcie do planeta devido ao intenso aquecimento gerado conforme os blocos de construo planetrios se juntam. Posteriormente, o calor continua por conta da atividade vulcnica.

“Quando os blocos de construo de um planeta esto se juntando, o material aquecido, liberando gases e, se o planeta for grande o suficiente, os gases sero retidos como uma atmosfera”, explicou a professora Myriam Telus, da Universidade da Califrnia de Santa Cruz, nos EUA. “Estamos tentando simular em laboratrio esse processo inicial, quando a atmosfera de um planeta est se formando, para que possamos colocar algumas restries experimentais nessa histria.”

Os resultados sugerem que as atmosferas iniciais de planetas terrestres podem diferir significativamente de muitas das suposies comumente usadas at agora nos modelos tericos das atmosferas planetrias.

“Esta informao ser importante quando comearmos a observar as atmosferas de exoplanetas com novos telescpios e instrumentao avanada,” justificou a pesquisadora Maggie Thompson.

Os trs meteoritos analisados foram o condrito de Murchison, que caiu na Austrlia em 1969; Jbilet Winselwan, coletado no Saara Ocidental em 2013; e Aguas Zarcas, que caiu na Costa Rica em 2019.
[Imagem: Cortesia M. Thompson]

Atmosferas primordiais

Foram analisados trs meteoritos de um tipo conhecido como condritos carbonceos do tipo CM, que tm uma composio considerada representativa do material a partir do qual o Sol e os planetas se formaram em nosso Sistema Solar.

Conforme as amostras dos meteoritos eram aquecidas a 1.200 graus Celsius em um forno a vcuo, um espectrmetro de massa analisava os gases volteis produzidos a partir dos minerais na amostra.

O vapor de gua foi o gs dominante (mdia de 66%), com quantidades significativas de monxido de carbono (18%) e dixido de carbono (15%), e menores quantidades de gases de hidrognio e sulfeto de hidrognio (menos de 1%).

Sem contar com esses dados experimentais quando foram elaborados, os modelos das atmosferas planetrias hoje adotados pelos cientistas assumem abundncias solares, isto , uma composio semelhante ao Sol e, portanto, dominada por hidrognio e hlio – parecia ser terra-cntrico demais supor a existncia de gua, por exemplo.

“Com base na liberao de gases dos meteoritos, no entanto, voc deve esperar que o vapor d’gua seja o gs dominante, seguido pelo monxido de carbono e dixido de carbono,” disse Maggie. “Usar abundncias solares justificvel para planetas grandes, do tamanho de Jpiter, que adquirem suas atmosferas da nebulosa solar, mas planetas menores obtm suas atmosferas mais com a liberao de gases. Voc precisa de experimentos para ver o que realmente acontece na prtica. Queremos fazer isso para uma grande variedade de meteoritos para fornecer melhores restries para os modelos tericos das atmosferas exoplanetrias. “

Outras notcias sobre: