Propriedades antivirais naturais da madeira atuam em minutos

Materiais Avanados

Redação do Site Inovação Tecnológica – 20/06/2024

Superfcies antivrus

Durante a pandemia, houve muita polmica no meio cientfico e mdico se os vrus – especificamente o SARS-CoV-2 naquela ocasio – poderiam ser transmitidos por meio de superfcies, como corrimos, cadeiras, mesas etc, o que levou ao uso generalizado de lcool em gel e desinfetantes.

Isso gerou pesquisas em busca de superfcies que possam reduzir o risco desse tipo de transmisso, mas que faam isso sem a ajuda de desinfetantes ou outros compostos qumicos.

E a soluo pode estar mais mo do que se acreditava, mostraram Sailee Shroff e colegas da Universidade de Jyvaskyla, na Finlndia.

Acontece que a madeira possui propriedades antivirais naturais que podem reduzir o tempo de permanncia dos vrus em sua superfcie – e algumas espcies de madeira so mais eficazes do que outras na reduo da transmissibilidade dos vrus.

Propriedade antiviral da madeira

O ponto de partida que, nos materiais tipicamente encontrados em ambientes domsticos e industriais, os vrus envelopados, como o coronavrus, podem viver at cinco dias; os vrus sem envelope, incluindo os enterovrus ligados ao resfriado comum, podem sobreviver por semanas, em alguns casos mesmo se as superfcies forem desinfetadas.

Estudos anteriores demonstraram que a madeira possui propriedades antibacterianas e antifngicas, tornando-a um material ideal para tbuas de corte, por exemplo.No entanto, a capacidade da madeira para inativar vrus ainda no havia sido explorada.

Os pesquisadores ento analisaram por quanto tempo os vrus com e sem envelope permanecem infecciosos na superfcie de seis tipos de madeira: Pinheiro silvestre, btula prateada, amieiro cinzento, eucalipto, carvalho pedunculado e abeto noruegus.

Para determinar a atividade viral, eles lavaram a superfcie de cada amostra de madeira exposta aos vrus com uma soluo lquida em diferentes momentos, e depois colocaram essa soluo em uma placa de Petri que continha clulas cultivadas. Depois de incubar as clulas com a soluo, eles mediram o nmero (se houvesse) de clulas infectadas pelos vrus.

A equipe identificou alguns componentes da madeira que contribuem para suas propriedades antivirais.
[Imagem: Sailee Shroff et al. – 10.1021/acsami.4c02156]

Quais madeiras matam melhor os vrus?

Os resultados dos experimentos com um coronavrus envelopado mostraram que o pinheiro, o abeto, a btula e o amieiro precisam de apenas uma hora para reduzir completamente a capacidade do vrus de infectar as clulas, enquanto o eucalipto e o carvalho precisam de duas horas. O pinho teve o incio mais rpido da atividade antiviral, comeando aps cinco minutos. O abeto ficou em segundo lugar, mostrando uma queda acentuada na infectividade aps 10 minutos.

Para um enterovrus sem envelope, a incubao em superfcies de carvalho e abeto resultou na perda da capacidade de infeco dos vrus em cerca de uma hora, com o carvalho comeando em 7,5 minutos e o abeto em 60 minutos. O pinheiro, a btula e o eucalipto reduziram a infecciosidade do vrus aps quatro horas e o amieiro no apresentou efeito antiviral.

Os pesquisadores concluram que a composio qumica da superfcie da madeira a principal responsvel pela sua funcionalidade antiviral. Embora a determinao dos mecanismos qumicos exatos responsveis pela inativao viral exija estudos mais aprofundados, eles afirmam que estas descobertas apontam para a madeira como um candidato promissor para materiais antivirais naturais e sustentveis.

Agora esperar que alguma equipe nacional decida repetir os testes usando madeiras brasileiras.

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